quinta-feira, 26 de março de 2015

Traumas do Crânio

Os ossos que formam o crânio, assim como os outros ossos do resto do corpo, possuem como funções majoritárias a sustentação dos músculos e vísceras da cabeça e a proteção dos mesmos. Porém, paradoxalmente, lesões nesse tecido possuem elevado potencial de risco de comprometimento dessas estruturas.
Devido a proximidade com os órgãos do sentido e com o encéfalo, traumas severos no esqueleto da cabeça podem trazer sequelas físicas e mentais crônicas para o acometido.


As fraturas no crânio são classificadas de modo geral como:


  • Fratura linear: Causada geralmente por um impacto brusco, porém a energia de tal impacto é distribuída por uma grande área da região; como um impacto direto contra o chão. Ocasiona uma "rachadura" por determinada área da lâmina do osso, como mostra a ilustração abaixo. É essa aparência que dá nome à fratura. Muitas vezes não oferece grandes problemas clínicos, porém, caso o trauma seja muito próximo de uma sutura craniana, a intervenção cirúrgica mais elaborada deve ser requerida.
  • Fratura com afundamento: Assim como a anterior, é causada por um impacto brusco, todavia a energia não se distribui por uma grande área, aumentando a pressão e causando maior dano. Nessa categoria de trauma, ocorre um deslocamento da peça óssea para a região interna da cavidade, gerando além de aumento da pressão do encéfalo, lesões nas meninges, e em casos mais graves, até a exposição de massa encefálica para o meio externo.
  • Fratura diastásica: Diferenciando-se das anteriores, esta modalidade não inflige a região da superfície do osso, mas sim suas bordas, na região onde se conectam a outras peças ósseas. Caracteriza-se por acometer as suturas cranianas, separando-as. É mais comum em crianças devido ao fato de suas suturas ainda não estarem completamente formadas. Em adultos, é mais comum na sutura lambdoide (entre o osso occipital e os parietais), pois esta não está completamente formada até os 60 anos. A tomografia abaixo representa a fratura na sutura coronal (entre o osso frontal e os parietais).
  • Fratura basal: Acontece na base do neurocrânio, envolvendo os ossos temporais, occipital, esfenoide e/ou etmoide. Necessita de mais energia para que seja desenvolvida, por isso encontra-se entre a minoria das queixas. Nem sempre causa danos severos ou sequelas duradouras, mas seu quadro sintomático é bem característico. Por lesionar áreas vizinhas ao viscerocrânio, reflexos acontecem nesta região. Corrimento de líquido pelas narinas, equimose na região periorbital (olho roxo) e equimose no processo mastoide (região posterior do pavilhão auditivo) são os principais indícios. A tomografia abaixo mostra a fratura basal no osso temporal.

Acima foram descritas os traumas que são mais evidenciados no neurocranio. Entretanto, há diversas outras modalidades, envolvendo viscerocrânio ou não. as Fraturas de Le Fort descrevem três tipos de fraturas que acontecem no osso da maxila. A ilustração abaixo exemplifica os tipos I, II e III. Dr. Léon-Clement Le Fort (1829-1893) foi quem descreveu e classificou esses traumas.




Referências Bibliográficas:
  • Haar FL. Complication of linear skull fracture in young children. Am J Dis Child. 1975
  • Singh J and Stock A. 2006. Emedicine.com
  • Paterson CR, Burns J, McAllion SJ. Am J Med Genet. 1993
  • Herbella FA, Mudo M, Delmonti C. et al. Injury. 2001
  • Tubbs RS, Shoja MM, Loukas M, wt al. William Henry Battle and Battle's sign: mastoid ecchymosis as an indicator of basilar skull fracture. J Neurosurg. 2010
  • Moore KL, Dalley AF, Agur AMR. Anatomia Orientada para a Clínica. 2012